sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sonetos


Soneto de formação

Abri os olhos sem esperar por nada, acreditando que não possuo poder sobre as coisas.
Porém, o caos também possui sua mágica e me presenteou com um momento.
Estava ali, a realização que eu tanto esperava, colorida e com sabor de novidade.
Oh! como quero continuar para sempre sendo!

Após piscar os olhos, ele ainda continuava no mesmo lugar, mas levemente diferente.
Tive de mudar de posição para não perder de vista tamanho gozo.
Minhas manobras obtiveram sucesso, continuava a me lambuzar no prazer inesperado.
Oh! como eu espero que tudo pare de mudar, enfim!

Um epíteto para o inominável arcano.
Um anelo de esperança fugaz.
Encerro no consciente um espírito temeroso.

Por que não ceder ao lépido?
Ou seja, por que querer mais do que o momento?
Sou narciso que recusa olhar as águas do rio e espera apenas satisfação momentânea.


Soneto deformação

Uma azia expele regurgitos de uma manhã vazia.
Pensamentos rasos advindos da incompreensão da dor de outrem perturbam,
Estou cativo, como serrar os grilhões da gravidade com a força do pensamento?
Oh! como é triste o fado de quem não sabe não ser.

As tragicomédias dramáticas da polifonia de narrações lapidam minha poesia
A tentativa de transcender o eu se mostra frustrada, abismaria doce ignorância.
Brinco de ser alguém apenas por que não sou o outro, quão estruturada é a analogia?
Oh! como é cabal a existência despropostiada, já nasce alcançada.

Um homem lê um livro de receitas.
Ouve-se um sim ao pé do altar.
Limpam-se remelas que comprovam o sono bom.

Por que não sucumbir ao inequívoco?
Ou seja, por que não o fácil e o óbvio?
Finalizo por figurar como um falso que floreia de forma fugidia a fatalidade frígida do fim. 


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