segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tratado desinteressado sobre o ânimo


Faltou energia.
Minguaram as gotas de serotonina.
Todas as portas abertas em todos os corredores desbravados possuem espelhos que assustam, não oferecem respostas.
Acabou instantaneamente o sentido que fora construído de forma vagarosa.
A dura crueldade do quotidiano corrói as ingênuas formas de esperança que foram arquitetadas pela mente prepotente do homem.
Ganha significado a palavra pessimismo e seu antônimo é impronunciável, ofende os ouvidos.
As palavras amorais do filósofo-poeta ganham algum significado e o chão forrado de niilismo vai se abrindo, nada resta.
Emerge a figura do homem deste tempo com imagem tratada em computador. O ideal se materializa através do virtual.
Quanta falta de liberdade tem o ser com livre-arbítrio. Ou se alista e vira soldado do consumo ou se arrasta pelo escuro manifestar underground.
A vontade é apenas aquela de escapar do seu eixo e de fingir que não nasceu. Fadas embriagadas e chapadas cheiram a última carreirinha de vidro moído misturada com felicidade.
Mas espere, o instinto não vacila. A dor parece ser companheira ancestral e o amanhã a mais alucinante das drogas já criadas pelo moderno.
O ritmo cíclico dos eventos também apazigua o bicho, deixa-o tonto com a ideia de destino.
Gotas virais de energia restam e se multiplicam com lenta insistência.
O talvez é a maior manifestação do caos na vida e sua fonte infinita de energia.
Amanhã, outra vez, depois, quem sabe.
A covardia tomou conta do homem-máquina, agora ele lê o horóscopo e acredita em um futuro melhor. 

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