Não quero
querer o amor.
Não
controlo o querer do amor.
O amor
descontrola minhas contrações estomacais.
Meu presente
é descontroladamente assustador.
Não existe
um eu, apenas algo que ama em mim.
Passado inebriado,
viciado e petrificado em ideal.
Não sou um
ser, mas um será inalcançável.
O amor é um
excesso de prazer, de dor e de pensar.
O amor é o nome
pornográfico do exagero.
O
excesso-amor encanta os solitários homens, que saíram da água da placenta para
um liquido chamado infinito.
O útero
protege, a falta de fronteiras projeta. Ela me lança para um mundo que não pode
ser compreendido nunca.
O infinito
é um liquido sólido demais para aguentar e gasoso demais para ser tocado.
O
excesso-amor me devolve à placenta, me faz ficar assustadoramente apaixonado
pelos meus medos e me distrai frente à incompreensão maior.
Ele traz a
ilusão de que irei entender meus medos e irei trapacear com a morte.
Porém, todos
os mecanismos de raciocinar a nada se prestam para defender-me do mistério do
excesso-amor. E, por sua vez, do mistério maior.
Os métodos,
as teorias, as teses, as hipóteses e as verdades são completamente inúteis.
O amor-excesso
nunca chega verdadeiramente, e acaba por se transformar em um monstro.
Solução inútil.
O monstro cresce quando as ideias que
não se deixam encapsular dominam o frio no estômago.
O monstro
aparece em forma de príncipe, demônio, criança, Apolo e Judas. Jamais na figura
de homem.
Preciso
humanizá-lo, ou jamais conseguirei amá-lo como se deve amar um ser humano.
Ou jamais
poderei odiá-lo como se deve odiar um ser humano.
Seria um
monstro criado pelo meu medo do excesso? Pura covardia de encarar que quem se quer
não se pode tocar?
Todos os
músculos querem rejeitar a ilusão. Pobres músculos iludidos.
Eu não
preciso de você para viver, meu amor. Já não tenho como me defender do
infinito.
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