quarta-feira, 20 de julho de 2011

A felicidade antecipada

De repente, coisas inesperadas aconteceram com ele. A resposta desejada chegou, a proposta cobiçada foi feita e a saúde tinha melhorado consideravelmente. Ele não estava preparado, aliás, nunca esteve. Tamanha felicidade lhe causou, digamos, um desconforto. Geralmente, era assim, a felicidade não tinha muito espaço no seu cotidiano. Não sabia qual área deveria ocupar, como lidar com suas sensações e como desfrutar de seus prazeres. Aprendeu, desde pequeno, que a dor enobrece e engrandece. O prazer era para os fracos. Não teve dúvidas, reprimiu o sentimento. Estava muito mais acostumado com a dor. Essa sim, companheira, fiel e perfeitamente controlável. Não tinha essa história de ser extasiante, perturbadora e enigmática. Engoliu seco, pensou em todas as dificuldades que ainda estavam por vir, nos desafios que precisava superar, nas limitações que sua imaturidade crônica impunha e nos caminhos que deveria traçar. Para que? Para ser feliz, oras! Mas depois...

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