Não, não é de comer. O Pajubá é um dialeto que se desenvolveu durante a ditadura militar entre as travestis. Ele tem como origem os terreiros de candomblé, lugar onde elas são, geralmente, muito bem recebidas. As travestis usaram as línguas de origem africana Nagô e o Yorubá, muito difundidas nesses espaços, e criaram uma linguagem própria. As línguas, apesar de unirem as pessoas, também são úteis na hora de separá-las. Desenvolver um dialeto próprio é uma ótima forma de restringir a informação a um grupo e transmitir informação de forma segura. Ainda mais para quem tem problemas constantes com a polícia! A verdade é que o Pajubá se difundiu e acabou se espalhando entre os gays, lésbicas e pessoas que convivem, mesmo que pouco, no mundo gay ou têm amigos gays. Se inicialmente era usado como uma arma para se proteger da perseguição policial, atualmente é cada vez mais usado para reafirmar a cultura e símbolos “GLBTs” (depois falamos dessa sopa de letrinhas!). Alguns termos são, até para os mais entendidos, muito específicos, mas alguns, como bofe, michê, uó e bafo, já estão se tornando compreensíveis para grande parte da população. E não duvidem nada que, em breve, estarão até no dicionário! A língua é uma forma de criar identidade e de criar referências sobre um grupo. Brincar com seus elementos e resignificar-los, é uma atividade criativa, complexa e reveladora. O pajubá mostra que mesmo as travestis, que tanto se desprezam pelas ruas do Brasil, podem estar mais próximas de você do que você imagina, na sua boca!
Abaixo tem um pequeno glossário para os mais curiosos e um vídeo da MTV dando um show de pronúncia!
Barbie = Homem malhado e gay
Chuchu = barba
Pencas = Muito
Padê = cocaína
Amapô, Racha = lésbica, mulher
Aquê = Dinheiro
Alibã = Policiais
Guanda=Camisinha
Otí= Bebida Alcolica
Se colocar = Se embriagar
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