Quando era criança, ficava com os olhos brilhando ao assistir ao programa da Xuxa. Todo o encanto, alegria e otimismo eram ministrados em doses cavalares. Dentre as mensagens que me fascinavam, a que mais me atraia era a da busca verdadeira e incondicional por seu sonho. Ela sempre estimulava as crianças as seguirem seus ideais, sem desistir, fazendo como ela e alcançando o sucesso. Principalmente o profissional. Cresci com isso na cabeça. Não importava o que acontecesse, eu iria estudar o que eu gostava e iria trabalhar com aquilo que eu gostava. Ganhando muito dinheiro! Pois, fazendo o que se gosta, o sucesso é inveitável.
Mesmo que meu pai insistisse que, primeiramente, eu deveria fazer algo que me desse um emprego e depois procurasse atividades de que eu gostasse, eu tinha a Xuxa do meu lado e todo um ideário ocidental que dizia que o trabalho enobrece e que lhe traz mais significado do que qualquer outra coisa. Afinal, quando nos perguntam “o que você é?” a resposta já é automática: - Eu sou aquilo que estudo o com que trabalho. Assim, nos vendem que, se eu não somos realizados profissionalmente, não temos identidade, somos um ser pela metade.
Contudo, nos tortuosos caminhos profissionais, percebemos que as coisas não são tão coloridas assim. O trabalho não tem toda essa importância, não existe espaço para todo mundo ter sucesso e muito menos a profissão perfeita para cada um. Mesmo sem querer, estamos dentro de um mercado. Por mais que almejemos a realização e o prazer profissional simultâneamente, em muitos casos eles serão frustrados pela necessidade de ganharmos mais dinheiro ou de encontrarmos uma colocação com qual possamos pagar nossas contas. Talvez a maturidade e maior estabilidade econômica nos possibilitem dedicar mais tempo para as atividades prazerosas e pouco lucrativas. Como a filosofia, por exemplo. Só sei que, para mim, por enquanto, o Xou da Xuxa terminou.
Filipe, parabéns. Ótimo blog. Já está na lista dos sites pra seguir :)
ResponderExcluirFiquei estarrecido ao perceber quão verdade é a parte que diz: "Afinal, quando nos perguntam “o que você é?” a resposta já é automática: - Eu sou aquilo que estudo ou com que trabalho."
Infelizmente essa é a música que a banda toca. Como você disse, nadar contra a correnteza além de não ser fácil é muito arriscado. Rumar ao desconhecido não é pra qualquer um.
Parabéns novamente pelo Blog e continue postando!